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Fundação Renova é modelo de privatização

A comissão especial da Câmara que vem trabalhado a questão da privatização da Eletrobrás, realizou ontem (24) uma audiência pública sobre o projeto de lei PL 9463/18, que tem como objetivo passar ao setor privado o controle da estatal de energia. Entre os presentes na mesa estava Wilson Nélio Brumer, o presidente do Conselho Curador da Fundação Renova, instituição controversa, criada pela Samarco após o crime realizado na Bacia do Rio Doce em novembro de 2015. O convite partiu do deputado José Carlos Aleluia (DEM-BA), e do deputado Leonardo Quintão (PMDB-MG), relator e principal incentivador da privatização da estatal.

Em 2014, coordenou a campanha de Aécio à presidência da república, tido como um dos responsáveis na equipe encarregada de elaborar o plano de governo para a área energética. Na ocasião, foi acusado de, na sua atividade empresarial, ter dado um calote de R$ 160 milhões na praça e de ter direcionado nos últimos anos grande volume de dinheiro para os chamados paraísos fiscais, segundo informações do Jornal GGN, do jornalista Luis Nassif.

Ao lado do parceiro de negócios, Luiz Carlos Martins, que também trabalhou no comitê de campanha do candidato do PSDB ao governo de Minas, Pimenta da Veiga, ele teria se valido da Probank S/A e de outras empresas de fachadas para fazer a operação que resultou no rombo milionário.

Empresário experiente, Brumer presidiu a Usiminas e outras estatais, como a Vale e a Acesita, e teve importante papel no processo de privatização ocorrido durante o governo FHC.

Segundo Camila Britto, da coordenação do MAB na região mineira, colocar como modelo ideal o que vem sendo implantado na Bacia do Rio Doce é um crime do ponto de vista social e ambiental.

“A Fundação Renova tem constantemente violado os direitos das populações atingidas em toda a Bacia do Rio Doce. Até hoje, pouco fez em relação à reparação do crime que eles mesmo causaram, centenas de famílias ainda sofrem em decorrência do rompimento da barragem de Fundão, a maioria ainda não recebeu suas propriedades de volta, muitos não foram se quer reconhecidos. A população vive um constante impacto de saúde mental e física em decorrência deste crime. O fato de convidar um representante desta fundação, que inclusive tem um histórico sombrio de relacionamento com políticos como Aécio Neves, frequentemente citado em esquemas de corrupção, demonstra claramente os interesses obscuros que os golpistas almejam com a privatização da Eletrobrás. Não permitiremos tamanha exploração à classe trabalhadora”, afirma Camila.


Atingidos abandonados


Um dia antes do ocorrido, enquanto o presidente da Renova fazia propaganda pela privatização no Congresso, e a fundação era apressentada como modelo, a entidade não compareceu à assembleia dos atingidos pela Samarco do Espírito Santo, em Linhares (ES). O encontro estava marcado desde o dia 27 de março, e mesmo assim a Renova tentou desmarcar.

Cerca de 200 atingidos, organizados no Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), se reuniram no salão da Igreja Católica da cidade, e o que era para ser um momento de diálogo com representantes do poder público, Fundação Renova e as mineradoras para resolver os problemas dos atingidos, não aconteceu.


"Este é só um pequeno exemplo de como funciona a lógica da privatização, baseada no desconhecimento do povo, e que privilegia o lucro de uns poucos empresários, que enchem seu bolso com os serviços básicos que o povo precisa para ter uma vida digna", conclui Camila.


Estratégias de Sucateamento

Segundo matéria divulgada ontem (24) pela Sport Light, agência brasileira de jornalismo investigativo, no final do ano passado, a Eletrobrás contratou uma assessoria de imprensa especializada para literalmente “falar mal” da empresa estatal.

Segundo as apurações, o objetivo seria “buscar uma mobilização da opinião pública e formação de ambiente favorável para a privatização, para isso, a empresa traçou como estratégia a divulgação de um cenário de mazelas e problemas da estatal”, aponta a matéria assinada pelo jornalista Lúcio de Castro.

O contrato assinado em 20 de setembro de 2017 com a RP Brasil Comunicações, do grupo FSB Comunicação, a maior assessoria de imprensa do país, envolveu um pagamento de quase 2 milhões de reais pela prestação de serviço.


Fonte: MAB - 2018

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