Já está em funcionamento no Rio, a primeira unidade de biometanização da América Latina, que transforma matéria orgânica dos resíduos sólidos urbanos (RSU) em biogás utilizado para a geração de energia e de biocombustível, não-poluente. Segundo a Companhia Municipal de Limpeza Urbana (Comlurb), o material também pode ser transformado em composto orgânico para ser usado como recondicionador de solos, em agricultura e reflorestamento.
A unidade que está instalada no Ecoparque do Caju, na zona norte da cidade, foi apresentada nesta segunda-feira (03/12). O projeto piloto vai processar inicialmente entre 35 e 50 toneladas por dia e foi financiado pelo BNDES, por intermédio de empréstimo não retornável, do Fundo de Desenvolvimento de Tecnologia – Funtec. A tecnologia foi desenvolvida pela empresa Methanum Engenharia Ambiental, com a cooperação técnica da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
e acordo com a Comlurb, a implantação da unidade visa reduzir a quantidade de resíduos orgânicos destinados ao Centro de Tratamento de Resíduos (CTR Rio), em Seropédica, diminuindo consequentemente a geração de chorume, as emissões de gases efeito estufa e aumentando a vida útil do local.
“É um projeto piloto com grande potencial de crescimento para gerar expressiva economia de espaço no CTR Rio e de valorização energética do material orgânico, com grandes ganhos para o meio ambiente. A planta de biometanização poderá nos ajudar no futuro a atingir as metas estabelecidas no Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos, previsto no Plano Estratégico 2017-2020, de reduzir em até 25% a quantidade de resíduos encaminhada ao CTR Rio. É o primeiro passo para chegarmos ao objetivo de processar todas as 5 mil toneladas de resíduos orgânicos recolhidos na Cidade do Rio de Janeiro”, diz o presidente da Comlurb, Tarquinio Almeida.
A energia gerada a partir da combustão do biogás atende à demanda da própria planta, além de ser suficiente para abastecer a Unidade de Transferência de Resíduos do Caju (UTR). O excedente poderá abastecer mais de 1.000 residências considerando consumo médio da família brasileira, de cerca de 160 kWh/mês, além da frota elétrica da Comlurb, atualmente composta de nove veículos, mas com previsão de chegar a 19 até março de 2019.
As sobras da produção também têm potencial para abater a conta de luz da sede da Comlurb e das gerências com o mesmo CNPJ, num conceito chamado de geração distribuída. O modelo pode ser replicado em cidades e trazer impactos positivos para todo o país. O Centro de Pesquisas Aplicadas da Companhia participa do projeto, analisando todo o material em laboratório e monitorando o processo com um profissional da UFMG envolvido no processo desde o início e que hoje é contratado pela Comlurb.
Presente ao lançamento como representante do prefeito Marcelo Crivella, o subsecretário de Meio Ambiente, Justino Carvalho, corroborou as palavras do presidente e ressaltou a importância da valorização do meio ambiente:
“Empreendimento dessa magnitude torna o meio ambiente como vanguarda no Rio de janeiro na destinação dos resíduos sólidos. É um indicativo sem retorno, por certo será replicado em várias cidades”, disse Justino Carvalho, cuja opinião é compartilhada pelo coordenador do Escritório de Sustentabilidade da Comlurb, José Henrique Penido. Segundo ele, “o projeto piloto vai reunir informações e criar conhecimento para que sejam instaladas posteriormente outras unidades espalhadas pelo Brasil e América Latina.
O professor titular do Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental da UFMG, Carlos Chernicharo, lembrou que a ideia inicial era fazer a parceria com a Companhia de Limpeza de Belo Horizonte, mas ela não conseguiu viabilizar a documentação necessária:
“Com o impasse criado, o BNDES propôs levarmos o projeto para o Rio de Janeiro, e o corpo técnico da Comlurb conseguiu imediatamente cumprir os trâmites burocráticos e assumiu a planta extra-seca (lixo in natura, sem qualquer tratamento prévio), que virou vitrine para a América Latina”, afirmou Chernicharo.
A nova unidade adota a tecnologia de Túneis de Metanização de Batelada Sequenciais (TMBS), que se mostra eficiente em suas experiências na Europa, e é a mais adequada às condições brasileiras, já que um dos seus principais diferenciais é possibilitar o tratamento dos resíduos com elevado teor de impróprios. Os TMBS também reduzem o tempo de tratamento dos resíduos e otimizam a produção de biogás.
Fonte: Comlurb
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